quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O que realmente foi a Luta armada...

Sobre o assunto da luta armada contra a Ditadura Militar, é bom esclarecer alguns pontos fundamentais. 

Primeiro, que a mesma nunca foi a primeira opção de luta por parte das Oposições (estudantil, operária, camponesa, etc) contra a Ditadura Militar. 

A luta armada somente se transformou numa opção (e, mesmo assim, para grupos minoritários da oposição à Ditadura) depois que ficou claro que a Ditadura Militar não ia permitir mais qualquer tipo de continuidade dos protestos, manifestações, greves, entre outras formas de luta PACÍFICAS, contra a mesma. 

Inicialmente, tentou-se derrubar o Regime Militar de forma pacífica. Mas, com a inviabilização desta forma de luta, devido à brutal repressão desencadeada pela Ditadura Militar contra todos os movimentos de oposição (estudantil, sindical, camponês, político, de intelectuais, artistas, entre outros) é que se começou a discutir seriamente a possibilidade de se tentar derrubar a Ditadura através de uma luta armada que atraísse a maioria da população para a mesma. 

Além disso, o fato é que muitos outros grupos e movimentos políticos pegaram em armas para lutar contra regimes brutais e tirânicos em diferentes momentos da história. 

Um exemplo perfeito disso que eu quero lembrar é o de Nelson Mandela, e a organização que ele liderou, o Congresso Nacional Africano, que também pegou em armas na luta contra o regime racista do ‘Apartheid’ na África do Sul. 

Na época em que a Europa inteira estava sob o domínio do Nazi-Fascismo, tivemos movimentos de Resistência Armada contra o mesmo em inúmeros países do chamado 'Velho Mundo' (Itália, França, Iugoslávia, etc) e tais movimentos cometeram inúmeros atos de violência armada contra os nazi-fascistas e aqueles que os apoiavam. 

Nem por isso tais pessoas são consideradas terroristas ou assassinas pelos europeus, muito pelo contrário. Estes guerrilheiros são considerados como verdadeiros Heróis Nacionais, pois lutavam contra regimes tirânicos que aniquilaram com os Direitos e com as Liberdades da população, tal como fez a Ditadura Militar brasileira. 

Dilma, e muitos outros, aqui no Brasil, também fizeram a mesma coisa: LUTARAM CONTRA UM REGIME TIRÂNICO, que aniquilou com todas as Liberdades e com todos os Direitos da população. 

A Ditadura Militar DESTRUIU COM A DEMOCRACIA em nosso país e não deixou outra opção para as pessoas que quisessem continuar lutando a não ser partir para a luta armada.

Todos os movimentos políticos e sociais organizados e que atuavam pacificamente no Brasil contra a Ditadura Militar foram brutalmente reprimidos, desarticulados e silenciados pela mesma. 

E isso aconteceu com os movimentos sindical, estudantil, camponês, de artistas (exemplo: até Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos e tiveram que se exilar), intelectuais, partidos de oposição, entre outros. A imprensa foi totalmente censurada e somente se divulgavam as informações que eram toleradas pelo Regime ditatorial. 

Talvez muitos ainda não saibam, mas a Ditadura Militar brasileira foi tão brutal que ela cassou os direitos políticos, e por 10 anos, até mesmo de líderes políticos civis, e bastante conservadores politicamente, que apoiaram o Golpe de 64, como foi o caso de Carlos Lacerda (ex-governador da Guanabara) e de Adhemar de Barros (ex-governador de SP). Mesmo integrantes da ARENA, o partido que dava sustentação à Ditadura Militar, tiveram seus mandados e seus direitos políticos cassados. 

Portanto, a Ditadura Militar brasileira é que foi Terrorista, pois prendeu ilegalmente e torturou dezenas de milhares de pessoas (em torno de 50 mil), matando centenas delas.

E muitas pessoas talvez desconheçam, mas nenhuma lei da época da Ditadura Militar permitia que a mesma torturasse e assassinasse os prisioneiros políticos, tampouco que desaparecesse com os corpos das vítimas, tal como aconteceu com muitas delas. 

Portanto, a Ditadura Militar é que usou de uma brutal dose de violência terrorista contra TODOS aqueles que resistiram à sua Tirania e violência e, até mesmo, contra pessoas que não tinham qualquer militância política, apenas com o objetivo de manter o povo amedrontado e aterrorizado. 

Logo, a Ditadura Militar utilizou-se de métodos Terroristas para consolidar o seu poder. 

E mesmo pessoas que lutaram pacificamente contra a Ditadura Militar foram vítimas da violência terrorista praticada pela mesma. Este foi o caso, por exemplo, do ex-deputado federal Rubens Paiva, que NUNCA participou da luta armada e que, mesmo assim, foi preso (ilegalmente, pois não havia nenhuma acusação formal contra ele), torturado e assassinado pela Ditadura Militar. 

Além disso, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o pensamento Iluminista e Liberal, bem como a Doutrina da Igreja Católica, concordam com o fato de que quando existe um regime de Tirania (como foi a Ditadura Militar brasileira) as pessoas têm o direito de usar da luta armada para derrubar e destruir com esse regime de violência institucionalizada. 

Para saber um pouco mais sobre esse período da história do Brasil, sugiro a leitura do livro 'Batismo de Sangue', do Frei Betto, e daí muitos descobrirão que foi a Ditadura Militar quem cometeu atos de violência contra o povo brasileiro. 

Os guerrilheiros foram aqueles que tentaram destruir com essa Ditadura e impedir que ela continuasse praticando os seus inúmeros crimes e violências não apenas contra eles, mas contra todo o povo brasileiro. 

Por isso, tais pessoas, que lutaram heroica e bravamente contra um Regime Militar brutal e violento, deveriam ser (tal como Nelson Mandela e os membros do CNA e como os membros da Resistência anti-nazista e anti-fascista na Europa) sempre homenageadas e reverenciadas por terem sacrificado tudo, inclusive a própria vida, para lutar contra a Ditadura Militar.


Fontehttp://guerrilheirodoentardecer.blogspot.com.br/2010/04/guerrilha-contra-ditadura-militar.html

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